Disputa aberta pelo Senado no Rio de Janeiro: Saída de Flávio Bolsonaro reconfigura o tabuleiro para 2026

Foto do senador Flávio Bolsonaro com o governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro | Foto: Reprodução/Facebook

O cenário político no Rio de Janeiro para as eleições de 2026 ganhou contornos imprevisíveis com a decisão do senador Flávio Bolsonaro (PL) de abandonar a corrida pela reeleição ao Senado e se lançar como pré-candidato à Presidência da República. A escolha, anunciada recentemente, foi atribuída diretamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que, preso preventivamente e considerado inelegível por decisões judiciais, indicou o filho como seu substituto para manter o legado bolsonarista no pleito nacional.

Com duas vagas em jogo no Senado – uma renovação de dois terços da Casa –, a ausência de Flávio, que liderava as pesquisas com folga (chegando a 41,7% em cenários recentes), abre espaço para uma disputa mais fragmentada e incerta, influenciada por alianças partidárias, pesquisas de intenção de voto e eventos recentes como a prisão do deputado estadual e presidente da Alerj Rodrigo Bacellar (União Brasil).

Sem Flávio no páreo, o governador Cláudio Castro (PL) surge como o principal beneficiado dentro do partido. Pesquisas como a do Real Time Big Data, realizada entre 1º e 2 de dezembro de 2025, apontavam Castro empatado com Flávio em 27% das intenções de voto, posicionando-o como favorito para uma das vagas. Com a saída do senador, Castro pode avançar com tranquilidade para a candidatura ao Senado, especialmente após o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmar que o governador será o nome do partido para a vaga.

No entanto, a disputa interna persiste: o senador Carlos Portinho (PL), atual líder da bancada no Senado e em busca de reeleição, tem elevado o tom contra Castro em temas como segurança pública, sinalizando uma briga pela segunda vaga na chapa do PL. Portinho, que aparece com apenas 1,6% em alguns levantamentos, chegou a ameaçar deixar o partido se Castro for priorizado, o que poderia fragmentar ainda mais o campo bolsonarista.

Outros nomes ligados ao PL, como Washington Reis (MDB), surgem em pesquisas com até 19,4%, mas sem confirmação oficial de candidatura. O ex-prefeito da cidade de Duque de Caxias diz com todas as letras que "é candidato" a governador na eleição do ano que vem. Veremos...

A retirada de Flávio também favorece o deputado federal Pedro Paulo (PSD), aliado histórico do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que deve disputar o governo estadual. Com Flávio fora, Pedro Paulo – que aparece com 12% em pesquisas recentes – pode captar o eleitorado centrista, pragmático e fisiológico com mais tranquilidade, vinculando sua campanha à chapa de Paes. O PSD, fortalecido pela liderança de Paes que lidera as pesquisas de intenções de voto para governador, vê Pedro Paulo como uma "solução caseira" para a vaga, especialmente após um jantar em Ipanema que selou sua pré-candidatura. Tensões com o PT, como desentendimentos sobre armamento da guarda municipal, não parecem afetar diretamente essa estratégia.

A deputada federal Benedita da Silva (PT), de 82 anos, é a principal aposta do partido para o Senado, confirmando sua candidatura recentemente e priorizando a representação de mulheres negras e movimentos sociais. No entanto, pesquisas indicam uma posição desfavorecida: ela oscila entre 11% e 29,8%, refletindo o encolhimento de seu eleitorado ano a ano. Como figura da "esquerda antiga" do Rio, Benedita enfrenta divisão interna no PT, com nomes como o cantor Neguinho da Beija-Flor sendo testados, e manifestos de apoio de movimentos sociais não garantindo tração suficiente. Outras opções petistas, como Anielle Franco, aparecem em levantamentos com 15,2%, mas sem avanços concretos.

Neguinho já disse que o "negócio dele é cantar samba". E está certo. Se ele não quis a vereança em Nova Iguaçu e Nilópolis nos anos 70 ou até mesmo a prefeitura de Nova Iguaçu em 2012, não vai ser agora com 76 anos e já com mais idade que ele vai querer a política. E pelo PT ainda por cima. Nem o prefeito Abraãozinho David (PL) e o resto da família pediriam voto para ele em Nilópolis, talvez a família Sessim, mas nem sabemos se eles tem intenções políticas para as eleições estaduais de 2026.

Agora voltando ao assunto principal...

O Republicanos desponta com potenciais candidatos fortes. A ex-deputada federal Clarissa Garotinho, filha de Anthony Garotinho, é cotada após bom desempenho em 2022 (quarta colocada) e pesquisas recentes que a colocam em cenários competitivos, com até 13,8%. Sua movimentação nos bastidores agita a disputa, especialmente no campo conservador. Já o ex-prefeito, ex-senador e ex-ministro Marcelo Crivella (Republicanos) aparece em pesquisas com 11%, ligado ao eleitorado evangélico, mas sem confirmação oficial de candidatura para 2026.

O prefeito de Belford Roxo, Márcio Canella (União Brasil), é uma incógnita ascendente. Cotado inicialmente para governador, ele pode migrar para o Senado, especialmente com a federação União-Progressistas lançando nomes próprios. Sua gestão local, bem avaliada e a campanha antecipada ao lado de Tony Rueda, presidente nacional do União Brasil e pré-candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro, o posicionam como opção para o partido, que divide espaços com o PP.

Renato Cozzolino (atualmente no PP, mas migrando para o DC), prefeito de Magé, anunciou pré-candidatura ao cargo de governador, mas rumores indicam uma possível recuada para o Senado, evitando confrontos diretos com o governo estadual e Paes. O DC, com nova diretoria, projeta Cozzolino como nome forte para 2026. Sua gestão, ao contrário de Márcio Canella, não empolga tanto assim para se projetar por todo o estado.

O deputado federal Otoni de Paula (MDB) aparece em pesquisas com porcentagens entre 2% e 6%, representando o campo evangélico-conservador. Se ele será candidato mesmo a senador em 2026 ou não, aí só saberemos lá na frente.

A prisão do deputado estadual Rodrigo Bacellar, que também presidente da Alerj e pré-candidato ao governo do estado do Rio pelo União Brasil, além de ser uma liderança política e partidária forte no estado em poder político e econômico por vazar informações sigilosas, bagunçou o xadrez político. Cotado como possível sucessor de Castro, sua detenção enterra planos da direita e pode levar a eleições indiretas no Rio se o governador Cláudio Castro for cassado em processos pendentes no TSE. Isso consolida a indecisão no campo conservador e expõe infiltrações do crime organizado no estado.

Em resumo, a disputa pelo Senado no Rio está ampla aberta, com Castro e Pedro Paulo como favoritos iniciais, mas sujeita a reviravoltas partidárias e judiciais. O eleitorado fragmentado e a polarização entre bolsonarismo, centro e esquerda prometem uma campanha acirrada.

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